Cultivar No Presente, Colher No Futuro

O manejo do solo, sistemas que integram lavoura, pecuária e florestas, intensificação de pastagens e outras técnicas agrícolas regenerativas podem aumentar o sequestro de carbono ao mesmo tempo em que aumentam a biodiversidade e a resistência aos riscos apresentados pela crise climática.

Ao redor do mundo, a agricultura e a pecuária precisam rapidamente começar a extrair CO2 da atmosfera para contrabalançar as emissões de fertilizantes e animais, passando de fonte para sumidouro de emissões. Produtores rurais devem buscar essa meta ao mesmo tempo em que trabalham para expandir a produção de alimentos para uma população em crescimento, mas sem abrir novas áreas para a produção. A missão pode ser difícil, mas não é impossível. Tecnologias de agricultura e pecuária regenerativa estão mudando a forma como produtores rurais trabalham no Cerrado brasileiro.

Mais de 20% das terras produtivas do mundo - dois bilhões de hectares - precisam mudar para um manejo inteligente e sustentável até 2030.

No estado do Tocantins, em parceria com a Embrapa, desenvolvemos a segunda fase do projeto com o Consumer Goods Forum (CGF) no Tocantins, voltado para a implantação de tecnologias de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) em propriedades rurais. São parceiros no CGF, Carrefour, Nestlé e Metro. A Conservação Internacional trabalha com Soluções Baseadas na Natureza para frear os impactos mais drásticos das crises do clima e da biodiversidade. Diante da necessidade global de frear as emissões de CO2 e, mais que isso, começar a absorver dióxido de carbono da atmosfera, o uso e manejo sustentáveis do solo tem uma enorme capacidade para liderar essas soluções no caminho certo. É esse caminho que estamos trilhando no Tocantins", explica Lilian Vendrametto, Diretora de Paisagens Sustentáveis da CI-Brasil.

De forma geral, as práticas de ABC visam

  • Aproveitar melhor a área de produção integrando sistemas de lavoura, pecuária e floresta.
  • Estimulam o plantio direto evitando o revolvimento do solo e mantendo assim o carbono fixado e protegendo a estrutura do solo.
  • Promovem uso de pesticidas a base de agentes biológicos.
  • Promovem o chamado "efeito poupa terra", que reduz a necessidade de abrir novas áreas promovendo a intensificação de pastagens de pequenas áreas.
  • Estimulam a utilização de manejo de pastagens, o que permite maior acúmulo de raízes e permite rebrota mais saudável e mantendo carbono no sistema.
  • Incentivar a utilização de resíduos da produção para geração de energia, biogás e subprodutos como adubos orgânicos.
  • Recuperação de áreas degradas através de agricultura regenerativa.

Terminamos o ano de 2023 com 100 mil hectares de fazendas de soja, bovinocultura de corte e leite adotando melhores práticas agrícolas e mais de 448 pessoas participando de treinamentos associados a práticas de Agricultura de Baixo Carbono.

Avançando a produção regenerativa

448

PESSOAS

entre produtores rurais e extensionistas, participaram de treinamentos associados a práticas de Agricultura de Baixo Carbono.

11

FAZENDAS DE SOJA

(32.1 mil hectares) recebendo apoio técnico para implementação de sistemas integrados de produção (integração lavoura-pecuária).

50

FAZENDAS DE BOVINOCULTURA

(68 mil hectares) adotando técnicas ABC’s para recuperar pastagens degradadas.

100

MIL HECTARES

de em fazendas impactadas pela adoção das práticas ABC’s.

Esse trabalho, além dos benefícios para o cultivo e para o planeta, precisa ser reconhecido também em outras frentes relevantes para os produtores, uma delas é o acesso a crédito. A Conversação Internacional e a Embrapa também trabalham em parceria com governos e instituições financeiras para valorar e diferenciar produtores que aplicam práticas ABC do ponto de vista econômico e da redução de riscos. Ao identificar as reduções de risco decorrentes da aplicação dessas tecnologias, as instituições financeiras podem identificar com mais facilidade os bons atores e recompensar as melhores práticas, facilitando o acesso a essas linhas de crédito. A CI-Brasil realizou 4 workshops com as partes interessadas para discutir o desenvolvimento de um documento técnico preliminar para subsidiar os critérios de análise de risco do ABC.